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Monte de São Mamede

Monte de São Mamede

Informação Útil

Sobre o local

Existem três designações que as populações circundantes dão a esta montanha: Monte de Penafiel, Monte do Castelo e Monte de São Mamede.

O nome de Monte de Penafiel é antiquíssimo, aparece no inventário das igrejas e herdades do Mosteiro de Guimarães, elaborado no ano de 1059, cuja denominação se lê como Penafidel.  O nome evoluiu de dois étimos latinos: pinna - ou penna - que no latim tardio quer dizer rochedo, rocha - e de fidelis, que quer dizer sólido, firme, forte. Assim, Penafiel quer dizer um conjunto de pedras ou rochas sólidas ou firmes.

Monte do Castelo deve o seu nome ao cubo granítico que se encontra bem no cimo da montanha. Nas Inquirições de D. Afonso II, do ano de 1220, é feita referência a um castelo no monte de Penafiel, que deve corresponder ao grande aglomerado de penedos que se encontra no topo da montanha, que hoje serve de miradouro e de posto de vigia. Pode, também, ter sido um castelo roqueiro, isto é, um castelo muito simples de estrutura quase incipiente, provavelmente um castelo feito de rochas. Além disso, é de notar que esta montanha foi sede da antiga Terra de Penafiel de Soaz, pela relevância que lhe é dada nas referidas Inquirições do ano de 1220.

Por fim, tem o nome de Monte de São Mamede devido ao culto do mártir São Mamede que aqui se realiza. A devoção a este Santo é secular nesta montanha.

Podemos encontrar aqui duas capelas, uma dedicada a Nossa Senhora de Lurdes, do século XIX, e outra a São Mamede, dos inícios do século XX, cuja reconstrução teve início em 10 de setembro de 1906. Um dos seus maiores benfeitores foi Lino António Vieira de Brito, da Casa da Torre, desta freguesia de Frades.

A romaria a São Mamede ocorre anualmente no dia 17 de agosto e tem mais de 300 anos. Está referenciada nas Memórias Paroquiais do ano de 1758 e a ela acorrem romeiros das freguesias e dos concelhos vizinhos.

São Mamede, mártir da Cesareia, atual Turquia, morreu por volta do ano de 273, deixando grande fama da sua vida. Destacou-se por conquistar a amizade das corças e das cabras selvagens, que ordenhava e com o leite das quais fabricava queijos que distribuía aos pobres. Assim, São Mamede é patrono do gado e é invocado nas causas do leite.

No dia da Romaria, são inúmeros os romeiros que vêm agradecer ao mártir, trazendo leite em jarros ou mesmo em pacotes de leite. Os lavradores desejam dar graças pelos seus animais. Também, as mães, que deram à luz novos rebentos pedem que não falte o leite para amamentar os seus filhos.

Este local é o ponto mais alto do concelho da Póvoa de Lanhoso, com os seus 750 metros de altitude, onde podemos desfrutar de um dos mais belos cenários paisagísticos da região minhota. O acesso rodoviário a este local tornou-se possível no ano de 1964, com o início da abertura da estrada, por impulso do antigo pároco de Frades, Padre José Joaquim Dias, e com ajuda de todo o povo da freguesia.

Desta montanha podemos observar uma prodigiosa sinfonia panorâmica. Daqui avistamos monumentos e lugares de interesse histórico e artístico, como a românica igreja de Fontarcada, os mosteiros de Tibães, de Rendufe e Bouro, o Castelo de Lanhoso, os Santuários do Sameiro, da Senhora do Pilar e de Porto de Ave. Por outro lado, se quisermos contemplar a natureza, podemos vislumbrar horizontes infinitos, como as águas do Oceano Atlântico, a albufeira da Caniçada, o monte da Franqueira em Barcelos e o da Penha em Guimarães e as serras do Gerês, da Cabreira, da Peneda, do Marão, do Larouco, até à nossa vizinha Galiza.

Esta montanha foi habitada desde os tempos mais remotos, passando por aqui Celtas, Romanos, Suevos e Visigodos, que deixaram as suas marcas. Foi ocupada devido à sua altitude e, sobretudo, à posição privilegiada que possui. O difícil acesso facilitava a defesa de quem vivesse no seu cume.

Um vestígio do povoado antigo encontra-se em frente à Capela de São Mamede: uma sepultura que pertenceu a uma necrópole, cavada na rocha, antropomórfica e de forma trapezoidal. Vê-se, por isso, que não é romana, mas, provavelmente, visigótica.

São várias as lendas associadas a este castro de Penafiel de Soaz. Assim, esta ridente e fértil zona evoca, dominadoramente, a figura de Maria Pais Ribeiro, a formosa e célebre Ribeirinha, concubina predilecta de D. Sancho I e que por este local idílico penou as suas mágoas e paixões. O rei, que dela teve seis filhos, a quem generosamente contemplou no seu testamento, fez-lhe largas doações. Entre elas encontram-se o Couto de Parada de Bouro, do qual este monte fazia parte.

Por tudo isto, não podemos esquecer que este monte é um dos mais extraordinários miradouros minhotos, situado no ponto exato da separação de duas das mais importantes bacias hidrográficas do norte de Portugal, a do Cávado e a do Ave.

 

Sérgio Machado